quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Arcade Fire - "The Suburbs"

Quando “Funeral” foi lançado em 2004, o mundo parou. Um grupo de canadianos aparentava querer ser a banda de referência que faltava a este século. Em 2007, quando este grupo lançava o (sempre difícil) segundo disco, o público hesitou mas acabou por aclamar “Neon Bible” como um excelente sucessor da obra-prima lançada três anos antes. Em 2010, não há/houve provavelmente nenhum álbum que tenha gerado tanta expectativa quanto “The Suburbs”. Os Arcade Fire estavam de volta e todos queríamos ver o que é que eles tinham de novo para mostrar.

Ao contrário dos seus antecessores, “The Suburbs” não é um álbum que puxe pela emotividade logo às primeiras audições. Pelo contrário, “The Suburbs” é um álbum para digerir. Com 16 músicas e cerca de uma hora de duração (o mais longo dos Arcade Fire até à data) “The Suburbs” pretende ser um álbum conceptual onde a pujança de algumas faixas coexiste na plenitude com a melancolia inerente a outras.

Como álbum conceptual, ”The Suburbs” é também um álbum que merece ser ouvido em sequência, sem estar a saltar directamente para a faixa 3, 7 ou 12. “The Suburbs” mostra que é um álbum pensado ao detalhe e que versa (na generalidade) sobre a vida nos subúrbios de uma cidade secundária, mas em concreto sobre a ansiedade existente nessa vida e quiçá, até sobre a infelicidade latente nas vidas que, por fora, aparentam ser perfeitas. Todo o álbum é uma história e, por isso, quem está à espera de encontrar um super-mega-hit como Funeral tinha em “Wake Up” ou “Power Out” ou como Neon Bible tinha com “No Cars Go”, é provável que não o encontre.

Ainda assim, existem três faixas deste álbum que pretendo destacar pelas suas particularidades:

Ready to Start: A segunda faixa do álbum que se for utilizada para abrir concertos (como o nome aparenta sugerir) vai certamente criar um ambiente inesquecível logo no início do mesmo (se bem que isso já é apanágio dos Arcade Fire).

Wasted Hours: Que nos faz pensar, por momentos, que o Neil Young colaborou no álbum (é um elogio).

Sprawl II (Mountains Beyond Mountains): Onde todos os ritmos aliados à voz da Régine Chassagne fazem com que a música pudesse ter sido perfeitamente um hit pop da década de 80 não fosse ter sido lançada trinta anos depois.

Apesar destes destaques, volto a frisar: Oiçam o álbum do princípio ao fim. Acreditem que vale a pena.

Ps: O álbum foi lançado com 8 capas distintas. A cópia que eu comprei tem a que ilustra este post. Podem vê-las todas aqui.

4/5 (mas só porque a nossa escala só contempla números inteiros porque este é um 4 a puxar para o 5).

7 comentários:

Francisco Maia disse...

Discordo totalmente com a possibilidade de mudar de opinião com futuras audições.

Sendo que um álbum tem irremediavelmente de ser inserido na obra da banda, achei The Suburbs insípido e desconexo. Parece mais uma colectânea de "o que tínhamos na gaveta."

Mas não quer dizer que seja mau. É um bom representante do reino Indie. E gosto de o ter no carro. Só não é o nível a que Arcade Fire nos habituou.

Francisco Maia disse...

Faltou uma vírgula.

Discordo totalmente, com a possibilidade de mudar de opinião com futuras audições.

Yoann Nesme disse...

como uma vírgula muda tudo :)

@CM: que tal cagar nessa escala ridícula e mudar para uma cuja nota máxima seja de 1000 ou uma coisa assim. imagina só a flexibilidade da coisa :-P

Charmless Man disse...

Francisco, penso que não me exprimi bem na crítica ao álbum. O que quis dizer foi que foi preciso ouvi-lo algumas vezes para o "sentir", e não que passei a gostar mais ou menos do álbum à medida que o ouvia mais vezes ;). De resto até concordo que este acaba por estar uns furos abaixo dos anteriores.

Jacinto: Vou avaliar isso com o meu co-blogger :) (até achava piada a uma escala de 0 a 100)

Francisco Maia disse...

Sim mas a vírgula era mesmo para explicar essa diferença.

Discordo do que disseste (vírgula) mas admito poder mudar esta opinião futuras audições da minha parte.

Mas gostei bastante da crítica.

Caro Jacinto, pelos vistos a vírgula fazia mesmo falta.

Yoann Nesme disse...

sim, deixaste o CM todo baralhado :P

Charmless Man disse...

Indeed.

:-)