
O primeiro álbum de B Fachada, Um fim-de-semana no Pónei Dourado dava bons indícios acerca desta (relativamente) recente aquisição da FlorCaveira: boas letras (“Chamo-me Zé, vim para aqui a pé e agora tenho um Cadillac” é um clássico), excentricidade (Zappa meets Variações) e musicalidade nas veias. Mas com este segundo álbum, B Fachada passou para um outro patamar, atingível por poucos. Os instrumentos são muitos (guitarra, pianos, rhodes, harmónios, pianinho, melódica, synths, percussões diversas, reco-reco, etc.) e são quase exclusivamente tocados pelo próprio B Fachada. A produção é forte. E a música ganhou muito com isto, em comparação ao mais minimalista Pónei Dourado. A esta maior produção e instrumentalização, juntam-se uma capacidade de colocar as palavras ao nível do melhor da música popular brasileira e... as letras (haverá melhores no panorama actual da música nacional?).
B Fachada é um álbum puro, comovente, até arrepiante. É um álbum que nos toca, fazendo-nos sentir quentes por dentro. Eu poderia cometer o erro de tentar comparar a sua sonoridade à de outros artistas, numa tentativa de passar melhor a minha mensagem, mas nada disso interessa quando o produto final é tão genuinamente belo. Pérolas como “O Desamor”, “A Velha Europa” ou “Só te falta seres mulher” ficarão para a história da música portuguesa. Pelo menos para a minha história ficarão certamente.
(5/5)
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