
Recuso-me a odiar o Brandon Flowers. Tal como dificilmente deixarei de ser fã dos “seus” Killers. Por muito
mainstream que eles se tenham tornado e não obstante, dia após dia, a imprensa musical (especialmente a nacional) me tentar fazer sentir que pouco ou nada percebo de música ao manter estas minhas posições. Ontem pensei nas palavras de Vítor Belanciano enquanto me dirigia ao
stand das novidades na secção de discos do El Corte Inglés (a classificação de 1/10 dada a
Sam's Town, segundo álbum dos Killers, ficou-me atravessada). Lembrei-me do João Bonifácio ao retirar o plástico do disco acabadinho de comprar, ainda a caminho do carro. Reflecti sobre as palavras de Davide Pinheiro enquanto inseri o CD no respectivo leitor do carro. Mas assim que Flowers me deu as boas vindas ao seu mundo em “Welcome to Fabulous Las Vegas”, primeiro tema de
Flamingo, esqueci as críticas de todos estes
opinion makers (que não deixo de admirar) e usufruí de um disco “FM” agradável, ambicioso, embora descomplexado, e sem preocupações em seguir uma (só) linha orientadora em termos estéticos. Muitos dos ingredientes remetem-nos para os anos 80, desde do
synth pop aos refrãos e
bridges orelhudos e assumidamente azeiteiros. “Hard Enough” podia ter sido escrito por Jon Bon Jovi, o que não é uma crítica (quem disser que em nenhuma fase da vida gostou de “Living on a Prayer” é a) mentiroso ou b) um ovo podre). Flowers é criticado por tanto querer soar a Bowie como a Dire Straits. Por ser um Bruce Springsteen
wanna be com tiques de
indie rocker. Mas, na minha opinião, Flowers e Killers são isso mesmo. São Bowie, Bon Jovi, Dire Straits, Gary Numan, Springsteen, Pet Shop Boys e muitos outros, num só pacote personalizado (o que é importante) e inconfundível. E Flowers tem o
star quality necessário para mesclar e vender o seu produto com credibilidade. Os escravos da estética
indie nunca irão perdoar a vontade imensurável que, depois de
Hot Fuss, Flowers tem vindo a demonstrar em alargar o seu público e em tornar-se um
superstar a nível planetário.
Flamingo não será álbum do ano, estando longe de merecer sê-lo, mas tão pouco irá comprometer estas suas aspirações, já que é um disco que nos faz sentir inegavelmente bem, o que só por si é de louvar. E para além disso, contém pérolas como "Swallow It". Por isso, afastem os complexos, oiçam o disco e divirtam-se, porque por vezes é precisamente para isso que a música serve.
(3/5)
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